Analisamos os óculos inteligentes que gravam, tocam música e traduzem o mundo. Vale a pena o investimento e o risco?

Vamos ser honestos: a fusão entre um ícone de estilo como o Ray-Ban e a tecnologia de ponta da Meta é algo que chama a atenção. Os óculos inteligentes Ray-Ban Meta finalmente estão no Brasil, trazendo a promessa de um futuro onde tudo está a um comando de voz de distância. Mas essa conveniência, que custa mais de R$3 mil, vem com um pacote de polêmicas.

Afinal, estamos falando de um gadget revolucionário que vai mudar a forma como interagimos com o mundo ou de um dispositivo de vigilância que pagamos caro para usar? Analisamos os dois lados da moeda.

O lado incrível: Por que você vai querer um


Não dá para negar, o produto é muito bem-feito. A Meta acertou em cheio ao manter o design clássico. Esqueça a aparência de "gadget de ficção científica"; ele parece e se sente como um Ray-Ban de verdade. A tecnologia é discreta, e é aí que mora a sua genialidade.

Uma câmera sempre a postos: Com um simples toque na haste, você tira uma foto ou inicia um vídeo em alta resolução (até 3K), já no formato vertical, pronto para compartilhar. É perfeito para capturar momentos espontâneos, desde um lance em um jogo até uma paisagem incrível durante uma viagem, tudo isso com as mãos livres.

Sua trilha sonora pessoal: Pequenos alto-falantes embutidos nas hastes direcionam o som para você. Dá para ouvir música, atender uma ligação ou seguir um podcast sem isolar você do ambiente. A qualidade do áudio não compete com a de um fone de ouvido de ponta — os graves são mais tímidos —, mas a praticidade de não ter fios é um ponto altíssimo.


Bateria para o dia todo (e mais): Os óculos oferecem cerca de 8 horas de autonomia, o que já é ótimo. Mas o estojo de couro que o acompanha é também um carregador portátil, estendendo a bateria por até 48 horas. Ou seja, pode levar para a viagem de fim de semana sem se preocupar com tomadas.

Um mundo traduzido para você: A integração com a IA da Meta é talvez o recurso mais "futurista". Olhe para uma placa em outro idioma e peça a tradução em tempo real. Viu um prato diferente no cardápio? Pergunte aos óculos o que é. É um assistente pessoal que vê o que você vê, pronto para tirar dúvidas e quebrar barreiras.

O lado sombrio: O que ninguém te conta na loja

Até aqui, parece o gadget perfeito. Mas, como em toda boa história de tecnologia, existe uma parte mais complexa e que merece sua atenção.

O ponto central é a privacidade. Para que a IA funcione, ela precisa de dados. E esses dados são você. Cada comando de voz, cada pergunta sobre o que você está vendo, tudo isso é enviado e armazenado pela Meta para "treinar" seus sistemas. Na prática, você está alimentando constantemente o algoritmo de uma das maiores empresas de dados do mundo com a sua rotina.

Além da sua própria privacidade, há a dos outros. Os óculos têm uma pequena luz de LED que acende durante a gravação, mas sejamos francos: na correria do dia a dia, é um detalhe fácil de passar despercebido. Isso cria uma situação social estranha, onde as pessoas ao seu redor podem se sentir desconfortáveis, sem saber se estão sendo gravadas. É o fator "creepy" que não pode ser ignorado.

Por fim, há a dependência do ecossistema. Os óculos funcionam como um portal para te manter ainda mais conectado ao universo da Meta. Tudo é otimizado para o Instagram, WhatsApp e Facebook. É uma estratégia inteligente da empresa, mas que te deixa mais amarrado a uma única plataforma.

Veredito final: vale a pena?

O Ray-Ban Meta é, ao mesmo tempo, incrível e preocupante. É uma peça de tecnologia que aponta para o futuro da interação digital, embrulhada no design atemporal de um dos acessórios mais icônicos do mundo. As funcionalidades são úteis e, em muitos momentos, divertidas.

Contudo, ele exige uma troca consciente. Você troca uma parcela da sua privacidade (e da dos outros) pela conveniência. A decisão de embarcar nessa é pessoal. A questão não é apenas se o gadget é legal — ele é. A verdadeira pergunta é: você está confortável com o preço que não está na etiqueta?