O Dossiê Definitivo da Glória Rubro-Negra e da Nudez Acidental

A Ressaca Moral e Física de um Final de Semana Histórico
Senhoras, senhores e todos aqueles que ainda tentam recuperar a dignidade perdida em algum boteco entre a zona sul do Rio de Janeiro e a Avenida Paulista: bem-vindos à edição mais densa, complexa e, ouso dizer, perigosa da nossa coluna PELADAS DA SEMANA. Se você acordou nesta segunda-feira com a sensação de que o mundo girou mais rápido do que o seu labirinto podia suportar, saiba que você não está sozinho. O final de semana de 29 de novembro a 01 de dezembro de 2025 não foi apenas mais um conjunto de datas no calendário gregoriano; foi um evento cataclísmico na história do futebol sul-americano, um verdadeiro tsunami de emoções, polêmicas, traições e exposições anatômicas não solicitadas que redefiniram o que entendemos por "entretenimento esportivo".
Neste dossiê especial — porque chamar isso de simples coluna seria uma ofensa à profundidade da lama em que vamos mergulhar —, nossa missão é dissecar cada milímetro do que aconteceu. Não nos contentaremos com o placar. O placar é para os fracos, para os que leem apenas as manchetes. Nós queremos o suor, o grito abafado no travesseiro, a análise tática do soco no ar, a psicologia por trás do nude vazado no vestiário e a sociologia do churrasco de comemoração que vira velório de despedida.
Tivemos de tudo. A consagração continental do Flamengo em Lima, transformando a capital peruana em uma sucursal do Leblon; a vingança fria e calculada contra os fantasmas de 2021; as polêmicas de arbitragem que fariam um monge budista perder o nirvana e arremessar o controle remoto na TV; e, claro, o nosso amado Brasileirão, que segue sua marcha implacável de insanidade, com times do interior paulista humilhando gigantes e campeões mundiais flertando com a Série B.
Preparem-se. Afastem as crianças da sala, coloquem o celular no modo avião e abram aquela cerveja que sobrou na geladeira (nós sabemos que sobrou, é a "cerveja da cura").
A Batalha de Lima: O Tetracampeonato e a Hegemonia Rubro-Negra
O Estádio Monumental "U", em Lima, Peru, é um coliseu moderno encravado em uma região árida, um cenário quase cinematográfico para duelos épicos. Para o Flamengo, Lima trazia as memórias doces de 2019, aquela virada insana contra o River Plate que inaugurou a era dourada moderna do clube. Para o Palmeiras, era terra neutra, um palco para tentar reafirmar a dominância de Abel Ferreira na América do Sul e buscar o tetra antes do rival.
A tensão pré-jogo era palpável, quase sólida. Como todos nós sabíamos, que aquilo não era apenas um jogo. Era um "tira-teima" histórico. Desde 2019, Flamengo e Palmeiras monopolizaram o continente, transformando a Libertadores em uma espécie de Copa do Brasil Deluxe.
E a imprensa internacional observava. O mundo olhava para Lima. Jornais espanhóis como o As e o Marca, italianos como o Corriere dello Sport, e portugueses como A Bola, todos voltaram seus olhos para o "Superclássico das Américas". O que eles viram, no entanto, foi um espetáculo de tensão, tática defensiva e violência calculada.
O Jogo: Xadrez, Pancadaria e a Polêmica do Ano
Quando a bola rolou, a poesia deu lugar à prosa bruta. O primeiro tempo foi um estudo de caso sobre o medo de perder. Abel Ferreira, o estrategista português que transformou o Palmeiras em uma máquina de eficiência fria, montou seu time para neutralizar. Filipe Luís, o cavalheiro da beira do campo, respondeu com um bloco defensivo compacto que, por vezes, formava uma linha de seis homens.
Os números da primeira etapa são a prova cabal desse armistício armado: dois chutes para o Palmeiras, três para o Flamengo. Nenhum goleiro precisou sujar o uniforme. Foi aquele tipo de jogo que o analista tático adora chamar de "estudado", mas que o torcedor no bar chama de "tapa na cara da sociedade" pela falta de emoção.
Mas, como em todo bom drama, o conflito precisa de um vilão, ou pelo menos de um anti-herói. Aos 31 minutos do primeiro tempo, Erick Pulgar, o chileno que carrega o piano no meio-campo rubro-negro, decidiu testar a integridade óssea de Bruno Fuchs. O lance foi, no mínimo, controverso. Com o jogo parado — repito, parado —, Pulgar acertou as travas da chuteira na canela do adversário.
A análise do lance dividiu o hemisfério. Para os flamenguistas, foi um movimento natural de quem estava se protegendo. Para os palmeirenses, e para grande parte da crítica imparcial (se é que ela existe), foi agressão pura. O árbitro argentino Darío Herrera, talvez saudoso dos tempos em que futebol se resolvia na base da intimidação física, mostrou apenas o cartão amarelo. E o VAR? Ah, o VAR... O VAR decidiu praticar o laissez-faire, laissez-passer. "O VAR se isentou da responsabilidade", gritou a manchete do jornal espanhol As, classificando o título posterior como "campeões com escândalo".
Flamengo melhor, mereceu o título, mas aquele amarelo... Tinha de ser vermelho. Pulgar chutou a canela de Fuchs. Sem bola. Fez corte duplo. Se Pulgar tivesse sido expulso ali, estaríamos escrevendo outra história hoje? Talvez uma ode à resiliência heroica do Flamengo com dez homens, ou, mais provável, uma crônica sobre como a irresponsabilidade individual custou um título. Mas o "se" não joga futebol. O amarelo ficou, Pulgar ficou, e o jogo seguiu.
O Segundo Tempo e o Herói Improvável: Danilo
Veio a segunda etapa, e com ela, a sensação de que o jogo seria decidido no detalhe, no erro, ou na genialidade isolada. O Palmeiras tentava, com Raphael Veiga e Vitor Roque (sim, o garoto prodígio estava lá), furar o bloqueio rubro-negro. O Flamengo respondia com a posse de bola e a paciência de quem sabe que tem mais talento individual.
E então, aos 22 minutos (67' no relógio europeu), aconteceu. Escanteio para o Flamengo. Arrascaeta, o pequeno mágico uruguaio que joga de smoking mesmo no calor de Lima, cobrou com a precisão de um geômetra. A bola viajou, curvando-se no ar, buscando uma cabeça predestinada.
Não foi Gabigol. Não foi Pedro. Não foi Bruno Henrique.
Foi Danilo.
Sim, Danilo. O lateral/zagueiro multicampeão, ex-Santos, ex-Real Madrid, ex-Manchester City, ex-Juventus. O homem que coleciona taças de Champions League como quem coleciona ímãs de geladeira. Ele subiu no terceiro andar, aproveitando uma falha de marcação de Bruno Fuchs (o mesmo que levara o chute de Pulgar — ironia do destino?), e testou firme para o fundo das redes.
1 a 0.
O gol de Danilo não foi apenas um gol. Foi um atestado de hierarquia. Foi o gol de um jogador que já viu de tudo no futebol mundial e que não treme diante da grandeza do momento. A imprensa internacional destacou isso: o Marca estampou "Danilo dá a Copa Libertadores ao Flamengo de Filipe Luis", lembrando que o veterano voltou a marcar na competição após 14 anos — seu último gol havia sido na final de 2011, pelo Santos, contra o Peñarol.
O Apito Final e a Consagração do Tetra
Os minutos finais foram de puro terror para a nação rubro-negra e de desespero cego para a torcida alviverde. O Palmeiras, fiel ao estilo de Abel Ferreira quando a tática falha, apelou para o "chuveirinho". Bolas alçadas na área, a defesa do Flamengo rebatendo como se estivesse em uma trincheira. Léo Pereira e Danilo se tornaram gigantes.
Quando Darío Herrera finalmente levou o apito à boca e encerrou a partida, o Estádio Monumental explodiu. O Flamengo era Tetracampeão da América (1981, 2019, 2022, 2025). Isolava-se como o clube brasileiro com mais títulos de Libertadores, deixando para trás Grêmio, Santos, São Paulo e o próprio Palmeiras, todos estacionados no tri.
Foi a consagração de Filipe Luís, o técnico novato que desbancou o mestre Abel. Foi a vitória da eficiência sobre a estratégia de reatividade. Flamengo foi mais eficiente que o Palmeiras, que sucumbiu diante do desequilibrante rubro-negro. O "desequilibrante" aqui não foi apenas o talento, mas a capacidade mental de suportar a pressão de uma final contra o maior rival.
O Carnaval dos Pecados: Bastidores, Nudes e Traições
Se dentro das quatro linhas o Flamengo foi um exemplo de foco e determinação, fora delas, a celebração do título foi um roteiro digno de Nelson Rodrigues dirigido por Quentin Tarantino. O que aconteceu nos vestiários e no trio elétrico entrará para os anais da história do folclore futebolístico.
A Anatomia de um Título: O Caso Saúl
Vivemos na era da hiperconectividade. Nada escapa. Tudo é transmitido, streamado, compartilhado. E, na euforia do vestiário, o zagueiro Léo Pereira decidiu fazer uma live no Instagram para compartilhar a alegria com a Nação.
Pobre Léo. Mal sabia ele que estava prestes a protagonizar o momento mais "tabloide" da noite. Ao fundo da transmissão, enquanto os jogadores cantavam e dançavam, surgiu a figura do espanhol Saúl. Completamente nu. Como veio ao mundo, mas (espero) com a medalha de campeão no peito.
O vídeo viralizou instantaneamente. A internet, esse tribunal impiedoso e voyeurista, não perdoou. Comentários sobre a "performance" física do jogador, piadas sobre "o quinto título do Flamengo" e análises detalhadas da anatomia do atleta inundaram o Twitter/X. Saúl, inadvertidamente, tornou-se o símbolo da entrega total do time: deu o sangue em campo e o corpo no vestiário. É o tipo de fofoca que alimenta as conversas de bar por semanas. "Você viu o vídeo do Saúl?". "Vi, rapaz, o homem está em dia com a academia". A nudez acidental humanizou os deuses do futebol, lembrando-nos que, por baixo dos uniformes tecnológicos e dos contratos milionários, eles são apenas homens celebrando pelados no chuveiro. Clássico.
O Manicômio Chamado Brasileirão Série A: Rodada 36
Enquanto o continente olhava para Lima, aqui no Brasil, o Campeonato Brasileiro seguia seu curso de insanidade, provando que a lógica é apenas uma sugestão ignorada pela CBF.
5.1 A Tabela da Dimensão Paralela (01/12/2025)
Vamos olhar para os dados da tabela de classificação com a frieza de um legista e o espanto de uma criança.26
|
Posição |
Time |
Pontos |
Jogos |
Status |
|---|---|---|---|---|
|
1º |
Flamengo |
75 |
36 |
Campeão Virtual, Moral e Continental |
|
2º |
Palmeiras |
70 |
36 |
O eterno vice de 2025? |
|
3º |
Cruzeiro |
69 |
36 |
A Raposa renascida (com Gabigol em 2026?) |
|
4º |
Mirassol |
63 |
36 |
O MILAGRE DO INTERIOR |
|
5º |
Botafogo |
59 |
36 |
Estável, mas longe da taça |
|
6º |
Fluminense |
58 |
36 |
Guerreiros cansados |
|
... |
... |
... |
... |
... |
|
9º |
Corinthians |
46 |
36 |
O meio da tabela é o seu habitat |
|
13º |
Atlético-MG |
45 |
36 |
Decepcionante é pouco |
|
17º |
Internacional |
41 |
36 |
ALERTA DE REBAIXAMENTO |
|
18º |
Fortaleza |
40 |
36 |
O Leão no fosso (mas venceu o Galo!) |
|
20º |
Sport |
17 |
36 |
A campanha do "eu vim só para passear" |
O Fenômeno Mirassol
Parem as máquinas. O Mirassol está em 4º lugar com 63 pontos. Na frente de Botafogo, Fluminense, São Paulo, Corinthians, Grêmio, Inter e Atlético-MG. Isso não é uma zebra; é a revolução dos bichos. O clube do interior paulista, conhecido por revelar jogadores e por aquele gramado verde-limão, agora é uma potência nacional em 2025. Se isso se confirmar, teremos o Mirassol na Libertadores 2026. Imaginem o Boca Juniors jogando no Estádio José Maria de Campos Maia. É o futebol moderno: gestão ganha de camisa. O Mirassol é a prova de que o peso da tradição não entra em campo se não vier acompanhado de um boleto pago em dia.
O Drama do Internacional (e a Alegria dos Rivais)
Na outra ponta da tabela, o gigante Internacional agoniza. 17º lugar. 41 pontos. Zona de Rebaixamento na 36ª rodada. A situação é desesperadora. O Colorado, campeão de tudo, corre o risco real de visitar a Série B pela segunda vez. Isso explica o tom fúnebre de Renata Fan. A crise no Beira-Rio deve estar em níveis radioativos. Se cair, será a maior tragédia do futebol gaúcho desde... bem, desde a última vez que um grande caiu.
Corinthians 2 x 2 Botafogo: O Empate que Ninguém Queria
Na Neo Química Arena, domingo (30/11), Corinthians e Botafogo protagonizaram um duelo de aflitos com objetivos diferentes.30
- O Enredo: Raniele abriu o placar para o Timão logo aos 6 minutos. A Fiel se animou.
- A Virada: O Botafogo, valente, virou no segundo tempo com Cuiabano (14') e Jordan Barrera (20'). O fantasma da "pipocada" rondou Itaquera.
- O Salvador: Gustavo Henrique, o zagueiro que a torcida ama criticar mas que faz gol importante, empatou aos 37 do segundo tempo, num chute de chapa desviado.
- O Detalhe: Jeffinho, do Botafogo, foi expulso, facilitando a pressão final do Corinthians.
- A Consequência: O Corinthians vai a 46 pontos, subindo para 9º, sonhando com uma pré-Libertadores se o G-Whatever abrir mais vagas. O Botafogo perde a chance de colar no G4 (leia-se: colar no Mirassol).
Fortaleza 1 x 0 Atlético-MG: O Suspiro do Leão
No Castelão, o Fortaleza jogava a vida. E venceu. 1 a 0 sobre o Atlético-MG, gol de Pochettino aos 41 do primeiro tempo.33
Nota Importante: A tabela 26 mostra o Fortaleza em 18º com 40 pontos após 36 jogos. O snippet 33 diz que o Fortaleza venceu e o Galo perdeu (o Galo tem 45 pontos). Se o Fortaleza tinha 37 antes e foi a 40, continua no Z4. A vitória foi crucial para mantê-los vivos, mas a corda ainda está no pescoço. O Atlético-MG, com 45 pontos, está virtualmente salvo, mas a campanha é medíocre para o investimento feito. Hulk e companhia já estão pensando nas férias (ou no Cruzeiro, vai saber).
E pra fechar; chances do Inter cair: 85% (segundo o DataBella).
Autor(a) : Emerson Gonçalves
Publicado em: 01/12/2025
Última atualização: 02/12/2025
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