A Ressaca do Enea, a Tragédia Nordestina e a Ginástica de Alcova

O Apocalipse Chegou e Trouxe Cerveja Quente
Meus caros leitores da Bella da Semana, guerreiros do cotidiano, sobreviventes de mais um ano nesse hospício a céu aberto que chamamos carinhosamente de Brasil. Se vocês estão lendo estas linhas, parabéns: vocês sobreviveram ao fígado, às contas de fim de ano, à TPM da patroa e, principalmente, à montanha-russa emocional que foi o encerramento do Campeonato Brasileiro de 2025. Estamos aqui, eu e vocês, diante dos escombros de uma temporada que prometeu pouco e entregou entretenimento puro — do tipo caótico, desorganizado e moralmente duvidoso, exatamente como a gente gosta.
Este não é apenas um resumo da rodada. É um tratado sociológico, etílico e futebolístico sobre os dias 6 e 7 de dezembro de 2025. Dias que entrarão para a história não pela qualidade técnica do futebol apresentado — que, convenhamos, muitas vezes lembrou uma pelada de casados contra solteiros onde o churrasqueiro é o goleiro — mas pelo drama humano, pelas lágrimas de desespero e, claro, pelas fofocas de bastidores que movimentam nossos grupos de WhatsApp mais do que notícia de aumento de gasolina.
O cenário era de terra arrasada e glória absoluta. De um lado, o Flamengo, essa máquina de moer adversários e reputações, confirmando uma hegemonia que já deixa os rivais com aquela gastura de quem comeu dobradinha estragada. Do outro, a tragédia shakespeariana do Nordeste, com Ceará e Fortaleza despencando abraçados para a Série B, numa prova de que a união faz a força, mas também faz o buraco. E no meio disso tudo, o Mirassol — sim, o Mirassol — jantando na mesa dos adultos e mostrando que organização vence camisa pesada.
Preparem seus copos, ajeitem a postura na cadeira (ou no vaso sanitário, onde a maioria de vocês consome esta nobre coluna) e venham comigo. Vamos dissecar cada lance, cada polêmica e cada lençol — tanto os aplicados em campo quanto os movimentados nas camas dos jogadores. Porque aqui, na Peladas da Semana, o futebol é apenas o pano de fundo para a vida real.
A Hegemonia Rubro-Negra: O Eneacampeonato e a "Festa da Ginástica"
O Jogo da Taça: Flamengo 3 x 3 Mirassol
Vamos começar pelo dono da bola. O Flamengo, comandado por Filipe Luís — um homem que se veste à beira do campo com a elegância de quem vai fechar uma fusão de bancos na Faria Lima —, antecipou sua festa para o sábado, dia 6 de dezembro. O motivo? Uma viagem para o Qatar, onde tentará o Mundial de Clubes. Mas a cabeça dos jogadores, meus amigos, já estava em outro lugar. Provavelmente em alguma boate na Barra ou na varanda de algum quiosque.
O jogo contra o Mirassol foi aquele típico "amistoso de luxo". O placar de 3 a 3 reflete exatamente o nível de comprometimento defensivo de um time que já é campeão. Ninguém marca ninguém. É o famoso "toca pro lado e corre pro abraço". Arrascaeta, o nosso maestro uruguaio que joga de terno e fuma charuto (metaforicamente, claro, porque o pulmão do homem é sagrado), desfilou em campo. Com 18 gols e 14 assistências na temporada, ele não é apenas o craque do campeonato; ele é o dono do campeonato.
Mas o que chamou a atenção não foi o futebol. Foi a atmosfera. O Maracanã estava pulsando, não de tensão, mas de alívio. Era a confirmação de um trabalho. Juca Kfouri, em sua eterna postura de oráculo da moralidade esportiva, já havia decretado: o Flamengo é favorito em tudo o que disputa. Para Juca, essa hegemonia é perigosa, é chata, é um monopólio que transforma o Brasileirão numa Bundesliga tropical. Mas para o torcedor rubro-negro? Ah, para o torcedor é a glória. É poder chegar no trabalho na segunda-feira e olhar para o colega vascaíno com aquele sorriso de canto de boca, aquele desprezo carinhoso que só o futebol permite.
Filipe Luís: O Guardiola do Ninho?
Precisamos falar sobre Filipe Luís. O ex-lateral assumiu o time e transformou um bando de talentos individuais numa orquestra sinfônica. Ele aplicou conceitos modernos, linhas altas, pressão pós-perda e todos esses termos que o PVC (Paulo Vinícius Coelho) adora explicar com sua prancheta nervosa. PVC, aliás, destacou que o Flamengo terminou com 79 pontos, o melhor ataque (78 gols) e a melhor defesa (27 gols sofridos). Isso é massacre. Isso é bullying futebolístico.
O Filipe Luís conseguiu algo mais difícil que a tática: gerir os egos. Fazer Gabigol (se é que ele ainda joga, ou só lança trap), Pedro, Arrascaeta e Bruno Henrique conviverem sem se matarem no vestiário é digno de prêmio Nobel da Paz. O Flamengo de 2025 foi um time que soube sofrer quando precisou e soube humilhar quando pôde. A "resiliência" citada pelos colunistas foi a marca de um grupo que, mesmo rico, manteve a fome.
2.3. A Polêmica Extra-Campo: Léo Pereira e a Ginástica Olímpica
Agora, vamos ao que vocês realmente querem saber. Porque tática é legal, mas fofoca de jogador pegando famosa é o néctar dos deuses.
O colunista Léo Dias, esse guardião da moral alheia (só que não), havia feito uma promessa ousada: se o Flamengo ganhasse a Libertadores, ele faria "silêncio" sobre as festas dos jogadores. Ele prometeu não publicar uma linha sobre infidelidades ou festinhas.
Ria comigo, leitor. HAHAHAHA.
Achar que Léo Dias guardaria segredo é como acreditar que político em campanha vai cumprir promessas.
A festa do título, que reverberou até este fim de semana, aconteceu na mansão de Jorge Carrascal. E o protagonista da noite não foi quem fez o gol do título. Foi Léo Pereira. O zagueiro, conhecido como "Karolino" até pouco tempo atrás (por causa da ex, Karoline Lima, aquela loira espetacular que tem um ímã para confusão e jogadores de defesa), mostrou que a fila não apenas anda; ela capota e dá piruetas.
Os relatos são de que Léo Pereira saiu da festa acompanhado de Flávia Saraiva. Sim, a Flavinha. A nossa pequena gigante da ginástica artística. O contraste visual é, no mínimo, curioso: Léo Pereira, um armário de 1,89m, e Flavinha, com seus 1,48m de pura potência muscular.10 Segundo as más línguas (e as boas também), a ginasta dormiu na casa do zagueiro e, na manhã seguinte, foi direto para o treino no Comitê Olímpico do Brasil (COB).
Isso, meus amigos, é comprometimento. Isso é foco. A menina passa a noite no "tcheca-tcheca na butique" (com todo respeito) e vai treinar duplo twist carpado no dia seguinte. Medalha de Ouro em Cardio para o casal!
E a Karoline Lima? Bom, a ex deve estar postando stories com trilha sonora de sofrência, mas com o engajamento lá no teto. No ecossistema das subcelebridades, ninguém perde; tudo se transforma em publi.
O Fenômeno Mirassol: Davi no Meio dos Golias
O Intruso no G-4
Olhem para a tabela novamente. Esfreguem os olhos. Tomem um café preto.
4º Lugar: Mirassol. 67 pontos.
Isso não é um erro de digitação. O Mirassol, time do interior de São Paulo, conhecido por revelar jogadores e ter um uniforme amarelo "canário com hepatite", terminou o campeonato à frente de Fluminense, Botafogo, Bahia, São Paulo, Grêmio, Inter, Atlético-MG, Santos, Corinthians e Vasco.
Repito: O MIRASSOL ESTÁ NA LIBERTADORES.
O empate em 3 a 3 contra o Flamengo no Maracanã não foi um acidente. Foi a coroação de uma campanha absurda.O Mirassol teve um desempenho de xG (expectativa de gols) superior ao de muitos gigantes. O time joga um futebol moderno, propositivo, sem medo de cara feia.
A Lição de Gestão (e a Vergonha dos Grandes)
O sucesso do Mirassol é um tapa na cara da incompetência dos grandes clubes. Enquanto o Corinthians luta para pagar a conta de luz da Arena e o Vasco vive em guerra civil política, o Mirassol, com um orçamento que não pagaria o salário de um reserva do Palmeiras, montou um time competitivo.
Isso irrita o torcedor "raiz". A gente gosta de ver camisa pesada ganhando. Ver o Mirassol no G-4 causa uma dissonância cognitiva. "Como assim o meu time, que tem 10 milhões de torcedores, ficou atrás do time da cidade que tem 60 mil habitantes?". A resposta, meu caro, dói: competência.
O Mirassol é a prova de que dinheiro não aceita desaforo, mas falta de dinheiro com organização pode fazer milagre. O "Leão da Alta Araraquarense" rugiu mais alto que muito dinossauro do futebol brasileiro.
O Vice-Campeonato do Palmeiras: O Fim da Era Crefisa
A Despedida de Ouro (ou Quase)
O Palmeiras terminou em segundo lugar, com 76 pontos.5 Para qualquer outro time, seria uma campanha histórica. Para o Palmeiras de Abel Ferreira, foi o ano do "quase". Vice na Libertadores (perdeu para o Flamengo). Vice no Brasileiro (perdeu para o Flamengo).
Os poetas alviverdes, devem estar escrevendo textos melancólicos comparando o Palmeiras a um amor não correspondido. Eles vão lembrar de 1951, vão dizer que o Mundial é deles (e a gente finge que concorda para não estragar a amizade), e vai lamentar o fim da "Era Crefisa".
Sim, a "Tia Leila" está fechando a torneira — ou pelo menos mudando o fluxo. Com 14 títulos na bagagem, a era de patrocínio que transformou o Palmeiras em potência chega ao fim, superando a histórica Era Parmalat. O futuro? Uma incógnita. O Palmeiras vai continuar rico? Vai. Mas a sensação de onipotência financeira pode diminuir.
O Sadismo no Castelão
O jogo final do Palmeiras, contra o Ceará, foi um exercício de crueldade. O Verdão não precisava ganhar. O Ceará precisava ganhar para não cair. O estádio Castelão estava lotado, pulsando, uma festa linda. Pedro Raul fez 1 a 0 para o Ceará. A esperança reacendeu.
Aí o Palmeiras, frio e calculista como um agiota cobrando dívida, virou o jogo. Facundo Torres, Ramón Sosa e Flaco López. 3 a 1.15
O Palmeiras não teve pena. Abel Ferreira, com sua cara de quem está sempre insatisfeito com a temperatura do café, mandou o time para cima. Eles rebaixaram o Ceará em casa. Isso não é futebol, é tortura psicológica. E mostra a mentalidade vencedora (e sádica) que Abel implantou lá dentro.
O Apocalipse do Z-4: A Tragédia do Nordeste
Se a parte de cima da tabela foi uma festa VIP, a parte de baixo foi um filme de terror dirigido por Tarantino, com muito sangue e gritos. O domingo, 7 de dezembro de 2025, ficará marcado como o "Domingo Sangrento" para o futebol nordestino.
Ceará e Fortaleza: O Abraço dos Afogados
É difícil, até para um colunista cínico como eu, não sentir uma pontada de pena. Ceará e Fortaleza, rivais históricos, caíram juntos. De mãos dadas.
- O Drama do Vozão: Como dito, o Ceará dependia de si e de tropeços alheios. Começou ganhando. A torcida chorava de emoção. Terminou perdendo de 3 a 1 para o Palmeiras. A torcida chorou de desespero. O Ceará termina em 17º, com 43 pontos.
- O Colapso do Leão: O Fortaleza viveu algo ainda mais cruel. Vinha de uma recuperação fantástica, nove jogos invicto. Chegou ao Rio de Janeiro para enfrentar o Botafogo dependendo apenas de suas forças. Abriu o placar com Breno Lopes. O Botafogo virou. O Fortaleza empatou. E aí... o Botafogo fez 4 a 2. O Fortaleza termina em 18º, também com 43 pontos.
Menon, com sua visão social aguçada, apontaria isso como um desastre para a economia regional e para a autoestima do futebol nordestino. É a concentração de poder voltando para o Sul/Sudeste. Sobraram Bahia (7º) e Vitória (15º) para contar a história, rindo de nervoso enquanto veem os vizinhos arrumarem as malas para jogar contra o Paysandu e o Vila Nova em 2026.
Vasco: A Arte de Ser Humilhado e Sair Rindo
Agora, vamos falar do Vasco da Gama.
O Vasco é um estudo de caso psiquiátrico. O time entrou na última rodada precisando pontuar para não depender de ninguém. O que fez? Foi a Belo Horizonte e tomou de 5 a 0 do Atlético-MG.1
Repito: CINCO A ZERO.
Foi um massacre. Hulk deve ter feito gol até de bunda. A cada gol do Galo, a alma do vascaíno saía do corpo e voltava com mais ódio. O cruzmaltino xingou a diretoria, xingou os jogadores, xingou a existência.
Mas... o futebol é uma mãe.
Com as derrotas de Ceará e Fortaleza, o Vasco, mesmo sendo humilhado, surrado e exposto em praça pública, permaneceu na Série A. Terminou em 14º com 45 pontos.
O vascaíno comemorou uma goleada de 5 a 0 contra. Isso é o auge da síndrome de Estocolmo. É o torcedor que apanha do time o ano todo, mas no final agradece porque não morreu. "Caiu? Não. Então tá bom." É a mediocridade elevada ao estado da arte.
Inter: O Choro da Loira e a Salvação
O Internacional também flertou com o perigo. A nossa musa Renata Fan passou a semana à base de calmantes. No Jogo Aberto, a tensão era palpável. Denílson Show já estava preparando as piadas de Série B.
Mas o Inter, ao contrário do Vasco, fez sua parte. Venceu o Bragantino por 3 a 1.1 O vídeo de Renata Fan gritando, descontrolada, "CHUPA JOGO ABERTO, AQUI É INTER!" viralizou instantaneamente.20 Foi o grito de desabafo de quem viu o abismo de perto e conseguiu dar um passo para trás. O Inter termina em 16º, com 44 pontos 5, um ponto acima da degola. Foi por pouco, Renata. Muito pouco.
Análise Tática e Estatística: O Raio-X da Rodada Final
Para os apostadores de plantão que quebraram a banca na Bet365, aqui vai o resumo frio dos números.
Tabela Final do Brasileirão 2025 - Top 6 e Z-4
|
Posição |
Clube |
Pontos |
Situação |
|
1º |
Flamengo |
79 |
Campeão (Libertadores) |
|
2º |
Palmeiras |
76 |
Vice (Libertadores) |
|
3º |
Cruzeiro |
70 |
Libertadores |
|
4º |
Mirassol |
67 |
Libertadores (Fase de Grupos) |
|
5º |
Fluminense |
64 |
Libertadores |
|
6º |
Botafogo |
63 |
Libertadores |
|
... |
... |
... |
... |
|
14º |
Vasco |
45 |
Sul-Americana (Sobreviveu) |
|
15º |
Vitória |
45 |
Sul-Americana (Sobreviveu) |
|
16º |
Internacional |
44 |
Sul-Americana (Sobreviveu) |
|
17º |
Ceará |
43 |
Rebaixado (Série B) |
|
18º |
Fortaleza |
43 |
Rebaixado (Série B) |
|
19º |
Juventude |
35 |
Rebaixado (Série B) |
|
20º |
Sport |
17 |
Rebaixado (Série B) |
Resultados da 38ª Rodada (07/12/2025)
- Atlético-MG 5 x 0 Vasco: O massacre do Mineirão. Galo impiedoso, Vasco ridículo.
- Botafogo 4 x 2 Fortaleza: O jogo da virada e do rebaixamento do Leão.
- Ceará 1 x 3 Palmeiras: A crueldade alviverde no Castelão.
- Corinthians 1 x 1 Juventude: Jogo de compadres. Ninguém se importou.
- Fluminense 2 x 0 Bahia: Flu garantiu o 5º lugar; Bahia (7º) foi para a Pré-Libertadores.25
- Inter 3 x 1 Bragantino: O jogo do alívio colorado.
- Santos 3 x 0 Cruzeiro: Santos (12º) bateu no Cruzeiro (3º) que já estava de férias.
- Sport 0 x 4 Grêmio: Chutando cachorro morto. Sport fez míseros 17 pontos no campeonato.
- Vitória 1 x 0 São Paulo: Vitória garantiu a permanência; São Paulo (8º) decepcionou.
- Flamengo 3 x 3 Mirassol (06/12): O jogo da festa e da ressaca.
Conclusão: O Que Fica de 2025?
O ano de 2025 termina com um saldo agridoce.
Tivemos a confirmação de que o dinheiro manda no futebol (Flamengo e Palmeiras no topo), mas também tivemos a rebeldia do Mirassol provando que há espaço para o novo.
Tivemos a tragédia do Nordeste, perdendo duas forças vitais, mas a sobrevivência heroica (ou patética, no caso do Vasco) de gigantes que se recusam a morrer.
Tivemos polêmicas, VAR desastroso, arbitragem confusa e, claro, a ginástica olímpica sendo praticada fora dos ginásios por zagueiros artilheiros.
O futebol brasileiro é isso: um caos apaixonante. É Léo Pereira pegando a Flavinha Saraiva enquanto o Vasco toma de 5. É Renata Fan gritando ao vivo enquanto o Ceará chora. É Juca Kfouri reclamando enquanto a gente pede mais uma cerveja.
Que venha 2026. Que venha a Série B com Ceará e Fortaleza. Que venha a Libertadores com o Mirassol (imaginem o Mirassol jogando na Bombonera!). E que venham mais peladas, mais polêmicas e mais colunas aqui na Bella da Semana.
Um abraço aos heterossexuais (e aos curiosos) que nos leem. Bebam com moderação, mas torçam sem limites.
Autor(a) : Emerson Gonçalves
Publicado em: 08/12/2025
Última atualização: 08/12/2025
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